Esse post é resultado direto das experiências que nós, fundadores da Wink, vivenciamos como empreendedores investidos, mentores e conselheiros de startups e scaleups, advisors de fundraising e, especialmente, como investidores de venture capital.
Assim como em qualquer outro tipo de investimento, os investidores de Venture Capital buscam aquelas oportunidades que, em seus critérios de análise, têm potencial para entregar a melhor relação Risco-Retorno possível -ou seja, menores riscos e maiores retornos.
Uma das formas que os investidores utilizam para minimizar seus riscos é, durante o processo de análise, buscar por padrões e características comuns entre seus investimentos bem sucedidos e aquelas oportunidades que eles estão avaliando. Por isso, entender quem está do outro lado da mesa, e como ele pensa, é um primeiro passo importante na estruturação de uma rodada de investimento.
Dessa forma, a primeira dica (e, certamente, a mais importante) é:
1. Entenda quem é seu interlocutor, seu perfil e seus interesses.
Cada investidor possui uma ‘Tese de Investimento’ própria, uma espécie de cartilha na qual estão todos os elementos que compõem o seu “investimento ideal”.
Entender o interlocutor, e sua tese de investimentos, permitirá que:
- Você encontre os potenciais investidores certos, evitando gastos desnecessários de tempo e energia com fundos e gestoras que possuem teses não aderentes ao seu negócio.
- Ao encontrar os investidores certos, sua abordagem e narrativa para eles serão muito mais efetivas, pois você estará “falando a língua dele”.
Para ajudar a tangibilizar, um exemplo.
Suponha que você tem um negócio B2B e que seu produto seja pautado em conhecimento profundo (baseado em +15 patentes registradas por você e seus sócios). Ainda assim, seu crescimento não tem sido tão acelerado (aprox. 50% a.a. — devido ao ciclo de vendas ser muito longo).
Ir ao mercado abertamente, abordando todos os investidores existentes, seria uma estratégia que demandaria muito tempo e esforço dos sócios, além de ter uma baixa probabilidade de sucesso.
Entretanto, ao conhecer melhor os investidores (e suas teses), uma short-list pode ser criada, priorizando aqueles que tem em sua tese: negócios B2B, pautados em conhecimento profundo, e que dão menos importância ao ritmo de crescimento, tendo em vista o seu estágio de maturidade. Com essa abordagem mais focada, os empreendedores podem elaborar narrativas e pitch decks mais aderentes à tese dos investidores, facilitando o entendimento e aumentando a probabilidade de fechamento da rodada em um espaço de tempo mais curto.
2. Tenha objetivos claros e coerentes
Ter objetivos claros para a captação é outro pilar importante para garantir o sucesso da rodada.
Os investidores buscam empreendedores que entendam bem seu negócio e, mais do que isso, saibam como querem investir o dinheiro que estão pleiteando para potencializar o crescimento de sua empresa. Ainda que nas discussões com os investidores esse plano possa ser revisto, a percepção do conhecimento (e bom senso) do empreendedor no uso do recurso (e sua forma de pensar) é um elemento importante no processo decisório dos investidores.
3. Timing é (quase) tudo
Entender o timing ideal para a rodada é fundamental para o sucesso de uma captação.
As captações mais bem sucedidas, para empreendedores e investidores, são aquelas em que o recurso é trazido para acelerar o crescimento do negócio, e não para evitar a quebra de uma empresa que está ficando sem caixa.
O momento ideal para estruturar uma captação, é quando a empresa tem uma visão estabelecida do seu runway e compreensão clara de até onde pretende chegar com a rodada a ser captada.
4. Networking é fundamental
As indicações são um elemento poderoso no processo de investimento. Como apontado por Daniel Chalfon (partner na Astella Investimentos) em seu artigo ‘A origem das empresas em nosso dealflow.’
“Fica clara na análise de nosso banco de dados, e em linha com inúmeros artigos publicados, que o fator indicação é de longe o mais importante no acesso e relacionamento com VCs. Mais do que isso é um fator de alta correlação com a qualidade da empresa, e com certeza uma indicação para qualquer fundo de Venture Capital vai se mover mais rapidamente no dealflow.
As indicações bem sucedidas, em geral, vem de parceiros próximos, que conhecem bem os investidores (alguém já investido por eles, por exemplo). Essa proximidade traz consigo dois elementos: o conhecimento das ‘teses de investimento’, por parte do parceiro, garante indicações mais qualificadas, o que faz com que o match seja mais fácil (fator objetivo); a confiança no potencial da oportunidade e consequente maior atenção à análise, por parte dos investidores (fator subjetivo).
Logo, ampliar a rede de contatos é uma atividade importante para quem está se preparando para uma rodada.
5. Alinhamento entre os sócios e total transparência
Uma captação bem sucedida, passa por sócios bem alinhados. É necessário que todos os sócios estejam de acordo com os interesses, termos e condições da rodada.
O desalinhamento entre os sócios pode:
- Atrapalhar a conclusão da rodada – pois, para os investidores, é fundamental que todos os recursos da empresa (e, no início da jornada, os sócios são o recurso mais importante) estejam “100%” dedicados à execução do plano de crescimento no qual o investimento está ancorado.
- Ainda que os empreendedores consigam disfarçar o desalinhamento durante a captação, e o aporte venha a acontecer, o desalinhamento certamente virá à tona na execução do plano, de forma que a empresa pode ter seu crescimento prejudicado, assim como o relacionamento com o novo sócio.
6. Tenha todos os documentos em mãos
O processo de captação de investimento é bastante árduo e trabalhoso. Ainda durante a fase de análise, os investidores irão solicitar diversos documentos contábeis e financeiros. Caso o processo avance, a demanda só tende a crescer. Na etapa de Due Diligence, também entram na lista de demandas informações fiscais, trabalhistas, jurídicas, etc.
Ter um data-room organizado, com os principais documentos que podem ser solicitados pelos investidores, tende a agilizar bastante o processo, permitindo que a rodada seja fechada em um menor espaço de tempo – e evitando que os empreendedores percam o foco do mais importante: a gestão e o crescimento da startup.
As dicas acima não são um “mapa do tesouro” ou garantia de sucesso para a rodada de investimento. Entretanto, se seguidas à risca, podem trazer alguns atalhos importantes para quem está em processo de captação.
Por fim, é sempre importante lembrar que para ter sucesso nesse processo, muitas vezes é importante contar com o apoio de especialistas, como a equipe da Wink, que oferece soluções financeiras personalizadas e eficientes, incluindo CFO as a Service. Então, agende uma conversa agora mesmo!